Uma
nuvem com base a 5000 pés apresenta uma temperatura de 10ºC na base.
Quais
os valores de temperatura, ponto de orvalho e termómetro molhado, à superfície
que originam esse valor?
Francisco
Gradiente
térmico vertical médio da troposfera. Considerada
a atmosfera real, o gradiente térmico vertical médio na troposfera tem
um valor de 6.5º/Km ~ 2º/1000 pés. Contudo, sendo este um valor médio, só
deverá ser utilizado em cálculos quando não exista qualquer outra informação
disponível acerca da camada considerada. Existindo referências à
instabilidade ou estabilidade da camada, sendo esta considerada isotérmica ou, na presença de inversões de temperatura, existem outros valores mais
adequados para utilização como gradiente térmico vertical. Também a referência a convecção,
elevação, subida orográfica ou inclusão na camada de atrito recomenda a utilização
dos valores dos gradientes adiabáticos em substituição desse valor médio.
Gradiente
térmico vertical da Atmosfera Standard ICAO (ISA). É
importante não confundir o valor do gradiente térmico vertical médio da
troposfera, com o valor, fixo, do gradiente térmico vertical
na Atmosfera Standard ICAO (ISA); por definição, estes dois valores são
numericamente iguais, embora as situações e condições a que dizem respeito sejam distintas.
Os
conceitos relacionados com a Atmosfera Standard ICAO (ISA) enquadram-se no
âmbito da aplicação da altimetria: cálculo da altitude verdadeira da aeronave,
cálculo da altitude indicada para uma determinada altitude real, nível de voo
mais baixo utilizável, etc.
Considerações
iniciais. O problema apresentado não faz qualquer referência ao
comportamento do gradiente térmico vertical da camada subjacente à base da
nuvem (convecção, elevação, tipo de nuvem, etc.), o que constitui uma lacuna importante na
formulação da questão. Contudo, porque o gradiente térmico vertical médio só
deverá ser utilizado em situações marginais, deve-se assumir, neste caso, que a
nuvem se formou por elevação (não existe qualquer outro elemento que sugira o
contrário). Se assim não fosse, também não seria possível inferir a temperatura da base da nuvem a partir da camada subjacente e a questão não teria solução.
Sendo
assim, o valor do gradiente térmico vertical que deverá ser utilizado é o do
gradiente adiabático (gradiente adiabático seco – DALR, enquanto não se
verificar a saturação do ar, e gradiente adiabático saturado – SALR,
após ser atingida a base da nuvem).
Resolução
da questão. Assumindo que a nuvem se formou por elevação, a temperatura
do ar junto à superfície deverá ter decrescido 3º/1000 pés durante o processo
de subida até aos 5000 pés (base da nuvem). Considerando que a temperatura na
base da nuvem é de 10ºC, em 5000 pés deveria ter decrescido 3 x 5 (milhares de
pés) = 15ºC. Em conclusão, a temperatura inicial à superfície (T) teria de
corresponder a 25ºC para que se verificasse uma temperatura de 10ºC na base da
nuvem.
Relativamente
ao ponto de orvalho e não existindo saturação, este está sujeito a um
decréscimo de 0.5ºC/1000 pés durante a elevação. Como o ponto de orvalho terá
de ser igual à temperatura do ar na base da nuvem, este deveria ter decrescido
0.5 x 5 (milhares de pés) = 2.5ºC desde a superfície até à base da nuvem. Em
conclusão, o valor inicial da temperatura do ponto de orvalho (Td) à superfície
teria de corresponder a 12.5ºC para que se verificasse uma temperatura do ponto
de orvalho de 10ºC na base da nuvem.
No que
diz respeito à temperatura do termómetro molhado (Tw), o cálculo deste valor é
um pouco mais complexo (equação do psicrómetro) e não faz parte dos currículos
académicos do pessoal de voo. Contudo, o valor da temperatura do termómetro
molhado situa-se sempre entre os dois valores anteriores, pelo que é possível
eliminar alternativas em que isto não se verifique.
Neste
caso, T = 25ºC, Tw = 19ºC e Td = 13ºC constituiria uma
resposta adequada.
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